Descrição

Sobre casamentos...

E mesmo com toda a crise financeira, a amiga vai casar! Quando? Ah, a gente não sabe... Com quem? Com o moço super bacana que ela ainda não conhece e nunca viu mais gordo em toda a sua vida, mas é indicação e amigo do namorado de uma outra amiga dela.
A moda agora é casamento à Indiana, sem conhecer o noivo, só o histórico com aprovação da família e dos amigos... Inclusive daqueles que também ainda não o conhecem, mas mesmo assim já é óbvio que tudo vai sair lindo e azul com bolinhas brancas!
Então ta valendo, não tem como não funcionar! E já está tudo organizado, o modelo do vestido, a trilha sonora, as madrinhas dela – os dele ele escolhe – e o convite no papel chiquérrimo em tom amarelado com letras douradas em alto relevo e a foto dos dois em preto e branco. No mínimo brega, mas a gente acha lindo assim! Afinal, pra que servem as duas amigas de comunicação? Pra fazer o evento do ano, é claro...
E o processo entre os dois também já ta em andamento. À Indiana, mas com uma pitada nacional... Começou pelo MSN, agora ta no telefonema e ela ta negociando data pra sair. E como demora... E como enrola... O Convite vai perdendo o gramur a cada mancada do moço... Já não tem mais as letras douradas e já dá pra começar a repensar a foto.
Mas independente disso as outras já decidiram que sim, ela vai casar, de véu, grinalda, com passarinhos amarelos pra carregar a cauda do vestido num fim de tarde ensolarado e o sobrinho novo e favorito de pajem pra carregar as alianças...
E depois de muito papo e muito tempo, quando as duas amigas da comunicação já pensavam em adiar o evento do ano para o outro ano, os pombinhos, aleluia!, combinaram de sair. Mas a essa altura a sugestão já era um convite de papel sulfite mesmo, em fonte Arial tamanho 12. E sem foto.
A verdade é que ela, uma diva à moda antiga, estava o tempo todo esperando a atitude partir dele. (Por isso demorou tanto!) E quando ele finalmente resolveu, o programa era filminho em um dos mil shoppings da cidade num sábado à tarde. Nada menos criativo, nada menos original, nada melhor pra começar qualquer coisa. Pelo menos o lugar era público, e se precisasse ela poderia muito bem sair correndo, chamar a polícia, o BOPE, a SWAT ou simplesmente avistá-lo de longe, concluir que tudo era um engano, ir embora despercebidamente e depois inventar uma desculpa qualquer do tipo, sei lá, meu gato pôs um ovo, ou algo do gênero pra justificar a ausência.
E o moço, coitado, todo feliz porque depois de tanto tempo de investimento via internet (e ela reclamando que ele não ligava nunca), ia conhecê-la, mesmo com todo aquele charminho da parte dela. (Mas isso é bem peculiar à classe feminina e toda diva merece, não?!)
Por fim, aceitar o convite pro cinema significava aceitar a proposta do moço com as intenções que o momento, o lugar e o horário permitiam. E ela enrolou o quanto pode, perguntou se o dia tava bonito, o que ele fazia da vida. Gosta de balé? Ah, não gosta? Que pena...
Não, definitivamente essa pergunta não foi feita, mas foi assim que chegamos ao momento mais esperado dos casamentos: o sim! Mas neste caso foi um sim, vamos assistir a um filme...
Tudo escuro, trailer na tela, pipoca, refrigerante, chiclete, drops de anis, e vamos ao segundo momento mais esperado dos casamentos, e não, não é aquele de correr atrás do buquê e ver a tia sobrepeso se matar, levar aquele escorregão digno de videocassetada e ainda cair sentada em cima do seu vestido. É aquele momento logo depois do sim, em seguida ao “estão casados”, aquela cena tão esperada que encerra todos os grandes romances de Hollywood.
O beijo! Era um capítulo único e decisivo, precisava dar certo, precisava ser perfeito... Mas... Faltava algo, algo essencial, e não era exatamente a tal da química...
Então, sentam-se as 3 para que uma amiga conte a história e as outras 2 possam emitir um parecer sobre o assunto.
- Que aconteceu?
- O que faltou?
- Ar!
- AR? (duplo)
- É, ar!
- Sim, ar... (romântica incorrigível) Tipo aqueles beijos que te levam pra outra dimensão e te deixam com falta de ar porque foi bom...
-Não! Eu não conseguia respirar com aquele ser me engolindo...
(pausa)
-Ok, primeira pergunta então: Rola?
(silêncio)
-Ta. Segunda pergunta: Quanto ele ganha mesmo?
(mais silêncio)
Tudo bem, a gente entendia que pra um primeiro encontro com o amor da sua vida tinha sido bastante trágico, mas ao mesmo tempo não dava pra perder a piada, né?! E passada a graça, uma das amigas ainda achava que coitado, merecia mais uma chance. Enquanto a outra já achava que primeira impressão fica, o cara era um chato mesmo, nem ficava legal na foto e que merecia um belo pé, isso sim! E sem muita enrolação! Elas param pra pensar um pouco mais a respeito e surge a ideia.
- Manja canudinho? O mesmo que você usa em aulas de mergulho pra puxar oxigênio?
- Sim. E?
- Leva um no próximo encontro...
- Como assim?
- Jura que você vai querer um próximo?
E antes que a noiva desse qualquer resposta, a outra amiga explica:
- Ué, o problema não foi falta de ar? Pelo menos você respira e tenta ver se o moço merece outra chance.
- Outra chance? Meu! Ele quase matou a menina!
-Vai ver ele ficou nervoso...
E a noiva continuava sem responder.
Os dias se passaram. O moço não... Tentou de várias formas sair com a amiga novamente, e ela naquela angústia sem saber o que queria e muito menos o que fazia... Afinal, apesar de todos os nãos ele não desistiu... E ainda disse que curtiu... Qual o problema da raça alienígena? Era o que as 3 se perguntavam...
Bom, nesses termos, se o investimento deu certo? Não. Não deu. Ela não gostou dele, ele não parecia nem de longe um primo distante do Brad Pitt, era um grude de pessoa, nem pagou o cinema e definitivamente não servia pra casar depois de uma semana. Resumindo, não fez efeito. De útil mesmo só sobrou o carro, que além de tudo era 1.0. Mas merecia mais uma voltinha... Pelo menos era o que a romântica incorrigível achava...
Uma pena. A festa tava ficando tão legal...

Sobre jogos e jogadas e jogadores!

Por amor ao esporte, tem gente que vai dormir mais cedo (ou nem dorme) e põe o despertador pra tocar às 3 e meia da manhã em plena pós-sexta-feira, às vezes sabendo que vai precisar abrir os dois olhos e sair para trabalhar no sábado, só para acompanhar a partida semidecisiva do final de semana. Brasil e Itália pelo Mundial de Vôlei Masculino. Exatamente. Não, não é futebol. E não, não tem nada a ver com a Copa do Mundo na China! Japão? Ou seria Coreia? Tem Copa este ano? Enfim, é vôlei mesmo, transmitido ao vivo do outro lado do mundo.
O horário, o mais indevido; as piadas e comentários, os piores. Mas lá estão elas, de pé – ou quase – prontas para torcer e comentar tudo o que a hora, o sono, a criatividade ou a inspiração permitirem. Vamo time? Vamo time!
Uma vez de frente para a TV, escolha um jogador italiano pra observar e um brasileiro pra torcer... e observar. Torcer pelos saques e bloqueios e pontos e ataques e por que raios a câmera desta rede de televisão não abaixa nunca? Mal dá pra enxergar os números da camisa por inteiro! E não é excesso de exigência, uma vez que no feminino dá até pra descobrir a marca da joelheira sem nenhum esforço e com uma filmagem feita de cima para baixo. É uma questão de democracia.
Pega lá chocolate, faz pipoca... alguém quer suco? Dá pra cantar o hino a esta hora sem acordar ninguém? E que comece a partida! No mínimo 3 sets pra pegar inspiração e tomara que esse jogo não passe das 6 da manhã porque preciso sair cedo, e de um belo banho pra tentar sumir com as olheiras e sim, vou assistir a partida até o final, posso? Tem café?
Opa! Um ponto! Giba neles! Só neles? Enfim, e de ace! Ace eu tivesse naquela quadra...
Comentário dispensável, mas de comum acordo que vôlei é um esporte que merece ser visto de todos os ângulos, inclusive do lado adversário da quadra, embora a torcida do coração ainda seja pelo time nacional.
- Mas espera, e aquele outro ali? Parece que destoa do resto... é uma coisa meio bããã.
Hein?! duplo.
- É, bããã. Muito alto, meio devagar, meio assim, bããã... e se o italiano demorar muito pra dar o saque acho que ele vai começar a babar!
- Ah, mas é um caso em 12... de repente é por isso que destaca tanto.
- Sim, mas ainda é pior do que só parecer... aquele um... o Salsicha!
- Salsicha? O do Scooby?
- É. Com esse cabelo... mas não é o Salsicha...
- O Barney! É isso! Mó cara de “hey Fred!” É o Barney! Igualzinho...
Risos. Muitos risos. Volta pro jogo.
Disputa emocionante. Começa o 3º set e o Murilo nunca tira o casaco. Será que ta mesmo tão frio? Será que ele ta gripado? Imagina a mãe do Murilo: “Meu filho, cuidado com aquele vento encanado que bate do vestiário pra quadra, viu?! Tira o casaquinho não”. Aí ela liga pro técnico "Bernardo, meu filho ta doente Bernardo! Toma conta que eu to vendo, Bernardo, to vendo tudo!" Vai ver que é porque ele é tímido mesmo... Engraçado. Em quadra não parece. Não parece mesmo! Um paredão triplo no bloqueio mais poderoso da Liga Mundial. Solta o braço, André! Grita o Galvão. E como! Sempre os braços...
- Ai! Santa capoeira!
- E o que é que isso tem a ver com vôlei?
- Ah, ouvi um comentário a respeito. Uma certa pessoa aí que faz capoeira, e bom... pensei em como também faz bem pros braços e etc...
- Principalmente pro etc...
Elas se concentram novamente no jogo que volta a prosseguir normalmente, ponto a ponto. Mas o comentário permanece com muito o que meditar a respeito. Ela tinha razão. Santa capoeira!